Filhote de onça-pintada é monitorado até a fase adulta no Parque do Iguaçu

O filhote de onça-pintada batizado de Pururuca, acompanhado pelo Projeto Onças do Iguaçu, atingiu a fase adulta após ser monitorado desde seu nascimento em julho de 2022 no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná. Imagens de câmeras instaladas na floresta mostram o desenvolvimento do animal, que sobreviveu à etapa mais delicada da vida selvagem e foi registrado recentemente próximo ao município de Céu Azul, cerca de 100 quilômetros de seu local de nascimento.

Pururuca é filho da onça Indira, uma das mais conhecidas do projeto, e foi acompanhado pela mãe até aproximadamente um ano e meio de idade, período típico para o aprendizado e proteção dos filhotes da espécie. Após esse período, o jovem macho se dispersou em busca de um território próprio, um processo repleto de desafios que representa alto risco devido à presença de caçadores, conflitos territoriais com outros machos e áreas urbanas.

Yara Barros, coordenadora-executiva do projeto, relata que a equipe fica aliviada ao ver o animal saudável nas imagens. Segundo ela, a tradição de dar nomes em Tupi às onças reforça a conexão com a cultura e a grandiosidade desses felinos. Pururuca recebeu esse nome após ser flagrado, ainda filhote, revirando lixo próximo a uma área de visitantes.

Conservação e desafios

A onça-pintada é o maior felino das Américas e está criticamente ameaçada de extinção na Mata Atlântica. De acordo com especialistas, restam menos de 300 indivíduos nessa floresta. No Parque Nacional do Iguaçu, há cerca de 25 onças desse tipo, e o monitoramento constante é fundamental para garantir sua sobrevivência.

Pururuca chegou a ser capturado acidentalmente em uma armadilha para jaguatiricas quando tinha por volta de 10 meses. Na ocasião, passou por exames clínicos, coleta de sangue e pelo, mas ainda não era possível colocar o colar de rastreamento devido à fragilidade da idade. O objetivo do colar é monitorar seus movimentos e evitar conflitos com áreas habitadas, ampliando o conhecimento científico sobre o comportamento da espécie.

População das onças e pressões ambientais

O Censo Binacional 2024 mostrou uma leve queda na população estimada de onças-pintadas na região do Corredor Verde, que inclui áreas do Brasil e da Argentina. A média passou de 93 indivíduos em 2022 para 84 em 2024. No lado brasileiro, os dados permanecem estáveis, com 27 animais identificados no Parque Nacional do Iguaçu. O recuo na estimativa total é atribuído à intensificação de ameaças como caça ilegal, atropelamentos e perda de habitat.

  • De 2006 a 2018, ações de conservação permitiram duplicar a população do Corredor Verde.
  • Na década de 1990, estimava-se entre 400 e 800 onças-pintadas na região.
  • No início dos anos 2000, esse número despencou para cerca de 40 animais.

Especialistas alertam para a necessidade de fortalecer o controle contra a caça, prevenir conflitos com animais domésticos e garantir financiamento para as unidades de proteção, mantendo a vigilância constante para evitar um novo declínio na população.

O monitoramento como o realizado com Pururuca mostra o valor e o impacto de projetos de conservação comprometidos, além de oferecer esperança para a sobrevivência dessa espécie símbolo da Mata Atlântica.

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