O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou recentemente que Israel está “mudando a face do mundo” ao comentar o maior ataque já feito contra o Irã, refletindo uma confiança renovada e a convicção de que o país caminha para uma grande vitória. A ofensiva ocorre em meio a profundas mudanças de estratégia desde o início das operações militares contra a Faixa de Gaza, em resposta ao ataque do Hamas em outubro de 2023.
O retorno de Netanyahu ao governo em 2022 intensificou as tensões regionais. Antes mesmo dos bombardeios em Gaza, medidas restritivas enfraqueceram as chances de um Estado palestino. O ataque do Hamas desencadeou uma guerra brutal, devastando Gaza e abrindo ainda mais espaço para a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, considerados ilegais pela comunidade internacional.
Expansão das Operações e Alvos Regionais
A guerra em Gaza foi o primeiro estágio de uma estratégia elaborada por Netanyahu, envolvendo ataques ao Hamas, grupo apoiado pelo Irã, e ao Hezbollah no Líbano, resultando em mortes de importantes líderes dessas organizações. A ofensiva também avançou para a Síria, onde a influência iraniana sofreu perdas significativas, e o regime de Bashar al-Assad foi substituído por um governo ainda criticado internacionalmente.
O ataque direto ao Irã, tido como o estágio final da operação, foi preparado ao longo de oito meses e focou nas fragilidades das defesas iranianas e no enfraquecimento do chamado Eixo da Resistência, que reúne milícias de Gaza, Líbano, Iraque e Iêmen.
Mudanças de Regime e Riscos para a Região
Com o desenrolar da guerra, o objetivo de Israel evoluiu para a possibilidade de provocar uma alteração drástica no governo do Irã. Analistas apontam que a insatisfação interna da população iraniana, somada às ações militares, pode levar a uma mudança de regime — embora os efeitos ainda sejam incertos.
Além do impacto militar, a guerra ajudou Netanyahu a desviar a atenção dos problemas internos de Israel, aumentando seu apoio político no país. No entanto, os riscos do enfraquecimento do Irã incluem o possível aumento do envolvimento de aliados regionais, como Iraque e Iêmen, e a propagação do conflito.
Repercussão Diplomática e Novos Caminhos para o Oriente Médio
As respostas diplomáticas também foram alteradas: tentativas de aproximação entre Israel e Arábia Saudita foram interrompidas, e as monarquias do Golfo passaram a adotar posturas mais críticas a Israel e, até mesmo, a reforçar relações com o Irã. Há uma preocupação generalizada de que a instabilidade e potenciais mudanças de regime possam ampliar o caos e dificultar ainda mais a pacificação regional.
Especialistas avaliam que o Oriente Médio passa a viver um “novo normal”, caracterizado por instabilidade, queda de antigos atores e enfraquecimento de forças que antes detinham maior influência na região.