O consumo de cannabis tem crescido entre os idosos nos Estados Unidos, impulsionado pela legalização em diversos estados e pela ampla divulgação de seus supostos benefícios terapêuticos. Entretanto, especialistas em geriatria e saúde alertam para os potenciais riscos do uso, especialmente em pacientes com outras condições de saúde ou que fazem uso de diversos medicamentos.
O geriatra Benjamin Han relata casos em que a utilização não supervisionada de produtos à base de cannabis levou a efeitos colaterais indesejados, como ansiedade, palpitações cardíacas e até mesmo atendimentos emergenciais. Segundo ele, idosos são mais sensíveis a substâncias psicoativas devido ao envelhecimento cerebral e podem sofrer consequências mais graves, como quedas, acidentes ou interações medicamentosas prejudiciais.
Legalização e aumento do uso
Atualmente, 39 estados americanos e o Distrito de Columbia permitem o uso medicinal da cannabis, e em 24 deles, incluindo Washington, o uso recreativo também foi aprovado. Pesquisas recentes apontam que o consumo recente entre pessoas com mais de 65 anos saltou de 4,8% em 2021 para 7% em 2023. A facilidade no acesso e a percepção de menor risco têm contribuído para esse aumento, apesar de a segurança em longo prazo ainda ser pouco estudada.
Publicidade e experiências pessoais
Empresas do setor têm investido em campanhas voltadas ao público idoso, oferecendo benefícios e descontos exclusivos. Alguns idosos relatam melhorias em sintomas de insônia e ansiedade com o uso de produtos de cannabis, principalmente os que contêm o componente THC. No entanto, os especialistas ressaltam que a eficácia para problemas como dor crônica ou distúrbios do sono ainda não é comprovada por pesquisas robustas.
Riscos e atenção à saúde
Estudos nos Estados Unidos e Canadá mostram um aumento relevante nas emergências hospitalares relacionadas ao uso de cannabis por pessoas mais velhas. Entre os riscos estão problemas cardíacos, interação com medicamentos e até o desenvolvimento de transtornos associados ao uso da substância.
Além disso, há indícios de que a cannabis possa impactar negativamente a memória e a cognição em idosos, elevando o risco de diagnóstico de demência ao longo do tempo. A maioria das pesquisas até o momento é observacional, o que dificulta conclusões definitivas sobre causalidade.
Diante da potência elevada dos produtos e das vulnerabilidades inerentes à população idosa, médicos recomendam que o uso de cannabis nesse público seja feito com cautela e sempre sob orientação profissional. Assim como qualquer medicamento, a cannabis pode provocar efeitos adversos significativos em determinados grupos.