O Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP) inauguraram neste sábado a Wolbito do Brasil, considerada a maior biofábrica do mundo dedicada à criação do mosquito Aedes aegypti inoculado com a bactéria Wolbachia. Esta bactéria impede a transmissão de vírus causadores de doenças como dengue, chikungunya e zika.
Com cerca de 70 funcionários, a unidade é capaz de produzir até 100 milhões de ovos de mosquito semanalmente. Inicialmente, o abastecimento atenderá exclusivamente o Ministério da Saúde, que decidirá os municípios a receberem o método Wolbachia, levando em conta os dados epidemiológicos das doenças transmitidas pelo Aedes.
O método, testado no Brasil desde 2014 em bairros do Rio de Janeiro e Niterói, agora está implantado também em municípios como Londrina, Foz do Iguaçu, Joinville, Petrolina, Belo Horizonte e Campo Grande, além de estar em fase inicial em Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Natal (RN).
Expansão da iniciativa
As próximas cidades a receberem o método Wolbachia incluem Balneário Camboriú, Blumenau e novas áreas em Joinville (SC), além de Valparaíso de Goiás, Luziânia (GO) e Brasília (DF). A fase atual envolve comunicação e engajamento da população local, com previsão de liberação dos mosquitos para o segundo semestre.
A biofábrica destaca que o método não utiliza mosquitos transgênicos, sendo complementar aos cuidados tradicionais de combate ao Aedes. Trata-se de uma inovação fruto da parceria entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ambas vinculadas a órgãos públicos do Paraná e do Ministério da Saúde.
Como funciona o método Wolbachia
Presente em 14 países, o método Wolbachia libera no ambiente mosquitos que transportam a bactéria, para que se reproduzam com a população local. As gerações seguintes permanecem com a bactéria, tornando-se menos capazes de transmitir arboviroses. Estudos apontam que a bactéria oferece uma vantagem reprodutiva, propagando-se rapidamente entre os Aedes locais.
De acordo com a Fiocruz, cada real investido no método pode gerar uma economia ao governo que varia de R$ 43 a R$ 549 em custos com medicamentos, internações e outros tratamentos relacionados às doenças combatidas.