Menos de dois dias após os Estados Unidos terem atacado instalações nucleares no Irã, a Guarda Revolucionária Iraniana lançou mísseis contra a base de al-Udeid, no Catar, utilizada pelas forças americanas no Oriente Médio. O ataque não causou danos e seguiu uma estratégia semelhante à retaliação iraniana de 2020, após a morte do general Qassem Soleimani, evitando maior escalada militar.
Segundo o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, o número de mísseis lançados correspondeu ao usado pelos EUA nos recentes bombardeios ao território iraniano. O céu de Doha ficou iluminado pelos projéteis e ruídos de explosões assustaram moradores locais, mas não houve danos registrados, conforme informaram autoridades militares. Os sistemas antiaéreos interceptaram os mísseis, que eram de curto e médio alcance.
A resposta iraniana buscou mostrar força sem provocar uma crise mais ampla. O ataque foi precedido por avisos ao governo do Catar, estratégia também adotada em situações passadas. Com isso, o governo de Teerã tentou equilibrar a necessidade de uma reação aos ataques americanos com o receio de entrar em um conflito aberto que poderia trazer consequências imprevisíveis para o regime.
Contexto regional e reação internacional
Esta retaliação ocorre em um momento de tensões elevadas no Oriente Médio. Os vizinhos do Golfo, como a Arábia Saudita, classificaram a ação como violação do direito internacional e manifestaram não querer se envolver em uma guerra regional. Além disso, foi notada certa coordenação prévia; os EUA teriam limitado o acesso à base aérea de al-Udeid dias antes do ataque e removido aeronaves estratégicas como medida preventiva.
O papel dos Estados Unidos e de Donald Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, agradeceu o aviso iraniano prévio e considerou a resposta “fraca”, ao mesmo tempo em que sugeriu a busca por harmonia regional. Contudo, analistas alertam para a imprevisibilidade do novo mandato de Trump, que demonstrou disposição de mudar de estratégia rapidamente, inclusive ao ordenar o recente bombardeio às instalações nucleares iranianas, mesmo com sinais prévios de diálogo.
Diante de riscos e incertezas, o Irã optou por uma reação controlada, enviando o recado de que responderá a futuras ameaças, mas evitando até agora um confronto direto e destrutivo com os Estados Unidos.