A dor da ausência é agravada por julgamentos. Aliteia Cornelo, mãe do jovem Gabriel Lopacinski, de 22 anos, vive uma rotina de saudade e incerteza desde dezembro de 2024, quando teve contato pela última vez com o filho, que deixou o Paraná para lutar na Ucrânia. Em janeiro do ano seguinte, a família recebeu notícia extraoficial da morte de Gabriel, mas até hoje ele continua oficialmente desaparecido.
Além da angústia pela falta de informações, Aliteia enfrenta diariamente críticas nas redes sociais envolvendo as decisões do filho de ir para a guerra. “É uma luta diária. As pessoas não pensam que uma mãe está lendo aquelas palavras”, desabafa. Comentários insensíveis e ataques frequentemente não consideram as histórias, sonhos ou motivos dos jovens desaparecidos. Segundo ela, “o ser humano não tem empatia nenhuma” ao julgar sua situação sem compreender a dor envolvida.
No Paraná, estado que abriga a maior comunidade ucraniana da América Latina, outras mães compartilham o mesmo sofrimento. Maria de Lourdes Lopes da Silva aguarda notícias do filho, Wagner da Silva Vargas, de 29 anos, desaparecido desde junho de 2025 após seguir como voluntário para o conflito. Assim como Gabriel, Wagner também recebeu críticas na internet. “Julgar não vai ajudar. Cada um tem um sonho, e a gente precisa respeitar”, diz Maria, que enfrenta o período com esperança e sem guardar mágoas de quem comenta negativamente.
O sentimento das mães
Aliteia acredita que o filho seguia uma missão ao ir para a Ucrânia, respeitando sua escolha, apesar dos riscos. “Eu dizia: ‘Filho, volte para casa’, mas ele sempre afirmou: ‘O perigo está em todo lugar’.” Maria também relata que o filho partiu realizado por tentar cumprir um sonho, planejando uma volta ao Brasil após seis meses.
Apesar das dúvidas e do sofrimento, ambas mantêm esperança de ter notícias. A cada notificação no celular, a expectativa se renova. “Até o último minuto da minha vida eu vou carregar essa dor e a esperança de que ele vai voltar”, destaca Aliteia, que vê Gabriel como um guerreiro corajoso e um herói.
O drama dessas mães evidencia não só a dor pela ausência dos filhos, mas também a necessidade de empatia na sociedade diante de situações tão delicadas.